quarta-feira, 4 de abril de 2012

Centenário de Mazzaropi

Amácio Mazzaropi (1912-1981), que marcou o cinema brasileiro com a figura do Jeca Tatu, completaria 100 anos no dia 9 de abril. Mazzaropi começou sua carreira no rádio, passou pela televisão, mas, depois do primeiro filme, em 1950, não saiu mais do cinema. Massacrado pela crítica na época, Mazzaropi é sucesso de público até hoje.

Desde o primeiro sucesso na Vera Cruz, Sai da Frente (1952), até o fim da carreira, O Jeca e a Égua Milagrosa (1980), Mazzaropi encarnou melhor do que ninguém o sonho brasileiro de ocupação de seu próprio mercado. Seu humor raramente coincidiu com o gosto dos críticos. Havia nele um quê de Cantinflas, o mexicano, mas infinitamente mais limitado.
Ano após ano, o público provava que estava com ele, com seu andar desengonçado, com a gestualidade característica (por exemplo: tirando o chapéu para coçar a cabeça, antes de opor às certezas sabidas da cidade a dúvida arguta do caipira).

O tipo de Mazzaropi, herdado em grande parte de Genésio Arruda, beneficia-se da mitologia do Jeca Tatu consagrada por Monteiro Lobato, que, no entanto, traduziria em termos positivos: ao caboclo indolente e doentio, Mazzaropi respondia com a imagem de um personagem de inteligência viva, nunca conformado com o modo como as coisas se apresentavam a ele. Mas conservador, claro.

Com Mazzaropi, a imagem do caipira se mistura à do ser urbano: a tensão do êxodo rural pode ser encontrada em seu personagem e no tipo de sabedoria que o personagem partilhava com o seu criador.

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